Muito por
causa da data de publicação, esta entrada no blog surge em jeito de encerramento deste ano letivo, mas também
serve para dar as boas vindas ao próximo.
A Geometria Descritiva estuda a representação de objetos
tridimensionais num plano bidimensional. Estes objetos podem ser mais
abstratos, quando nos referimos a pontos, retas e planos ou mais concretos
quando estamos perante sólidos e figuras planas, nunca esquecendo que estes
últimos resultam da relação entre os primeiros.
Ora, tal como um condutor de um automóvel pode seguir uma determinada
orientação através de um sistema de coordenadas GPS, a transposição de objetos
da “realidade” tridimensional para a representação rigorosa na folha de papel,
segue um método de referências desenvolvido pelo Sr. Gaspard Monge, o fundador
da Geometria Descritiva. Este conjunto de referências é composto pelas
coordenadas abcissa, afastamento e cota, que são medidas em relação a um
referencial constituído por dois ou três planos que funcionam também como
planos de projeção.
Assim sendo, uma das maiores dificuldades, e consequente desafio, no
ensino e na aprendizagem da Geometria Descritiva está, precisamente, na forma
como se faz a ligação entre o espaço tridimensional e a representação
bidimensional. Mais ainda, atendendo a que a Geometria Descritiva não deve ser
uma mera sequência de processos e traçados rigorosos bidimensionais e tendo em
conta que uma das principais aplicações práticas da GD é o desenvolvimento do
raciocínio tridimensional e da perceção espacial, tão importante para a elaboração
de projetos, assim como, para o manuseamento de programas informáticos 3D.
Torna-se então fundamental para o aluno a compreensão do espaço
tridimensional, das referências e da maneira como atuam e se relacionam todos
os elementos antes de avançarem para a resolução de exercícios de Geometria
Descritiva.
Nesse sentido, os modelos tridimensionais, virtuais ou reais, simulando
tantas situações quanto possíveis dos problemas de GD, apresentam-se como uma
ferramenta bastante poderosa para o trabalho da sala de aula, permitindo uma
melhor compreensão e interação com o espaço e com o referencial do método de
Monge ou outros. Embora haja vários programas de computador para elaboração de
modelos virtuais, alguns até bastante simples, estes implicam uma compreensão
prévia do funcionamento programa e exigem uma preparação por vezes demorada. Já
a construção de modelos tridimensionais reais pode ser feita facilmente,
recorrendo a variadíssimos materiais do dia-a-dia e permitem o manuseamento e
alteração imediata dos elementos, exponenciando a tal compreensão e interação com
o espaço. Estes modelos podem ser feitos tanto por professores como por alunos
ao longo do programa curricular da disciplina.
No decorrer do presente ano letivo os alunos das turmas a que lecionei
Geometria – 10ºJ, 11ºI e 11ºJ – visionaram e manipularam vários modelos
tridimensionais reais e virtuais, tanto referentes ao método de Monge como às
Axonometrias.
Estes modelos irão estar disponíveis na sala 15s e poderão ser
utilizados por alunos e professores no próximo ano letivo, se assim o
entenderem, ou poderão servir como exemplo para serem melhorados com a
construção de outros.
Abraço
Prof.
Maurício Mendes